RECORDAR
 
Vida que passa – fumaça,
depressa, depressa se esgarça,
deixa apenas a lembrança
dos momentos de ternura,
de uma ousada aventura,
porém rouba a esperança.
Esperança que eu tinha,
esperança que era minha,
na qual eu acreditava,
pois que ela me acenava
e, pra mim, me sorria.
Não passava de ironia,
uma estranha brincadeira,
uma diversão passageira,
só maldade, na verdade,
que marcou funda ferida
e deixou-me, assim, perdida,
sozinha sem eira, nem beira.
Recordar, dizem, é viver,
pra mim, recordar é sofrer.