Ultimato
Visto-me a pressas e percorro
De minha casa à esquina de uma lembrança morta
A rua vazia está frenética
Nem um pedaço de história, as canções
Retratam o abismo
De um céu sempre em chamas
Despedaço-me às pressas e percorro
Todas as minhas entranhas, onde o segredo
Se revela
Poeta dos velhos dândis
O meu desejo é alcançar, o que só
No amplo azul do céu puríssimo
Desconheço
Nesse chão de asfalto
Onde as plantas desfiam suas raízes
Em rochas de miragens, não há sequer
Jacintos, flores de lis
Nada aguardo
Os ponteiros, as hordas do tempo, sempre a vida
A vida!
aos meus olhos mostrou-se
Como um vinho amargo que mal sinto o gosto
As hordas da noite se fecham
E meus anseios, as paixões enterrei
Numa cova fria
Penso
Que já é a hora
Quando as pálpebras fecham e o coração
Aperta sob o pulso
Fria harmonia
A noite já se pôs
E o vento não traz
Nenhum pedaço de bom-senso