Lamentos de uma noite de inverno
À noite, a lua envolta
Em milhões de olhos, procura
Nas ruas vazias, captura
Em síntese, a história
Os dias idos e vindos
Que bem os trazem, ao vento
Que desconhecem, em desalento
Desamparados
Um breve relance
A noite açoita
As minhas lembranças
Como um mero fragmento
Do escuro
São meus olhos que me traem
As estrelas fatigadas, inverno dourado
Desponta do céu, cai lá de longe
Pedaços de melancolia, do céu despontam
E revolvo nas paredes, os fragmentos
Meus cabelos mórbidos, minha pele frágil
O vazio das nuvens me consome
Doce noite voraz
Cidade inconstante, com seus passos
De miséria, de palavras mortas
De lembranças tortas
As paredes me esqueceram
As memórias cospem suas dissoluções
Tudo é um absoluto silêncio
Na vazia rua, todos procuram
Seus pedaços
Já é tarde , e a noite secreta
Canta suas tristes canções
Aos homens do mundo
Aos resolutos
Aos melancólicos
Aos já proscritos
Doce noite fugaz
A minha vista,
tudo conhece
A Cidade inconstante
Ruas vazias
Esparsas esquinas
Todas elas
Irreais