solidão

Sob a relva ainda insistente

Donde o corpo repousa insolente

Fica à cama em solidão

Em tempos outros já não fica

Quando ainda menina tisica

Cresceu feito flor em jardim de antão

E eis que agora o dia avança

Ela que em lotado teatro dança

Da vida nada espera; só tem lembrança

E antes que o espetáculo termine

Um último movimento imprime

E a platéia tomada de encanto

Irrompe em êxtase e espanto

As cortinas se fecham

E à cama, só, a bailarina pensa na vida