PRECIOSIDADES (165)

R E M O R S O

Às vezes, uma dor me desespera . . .

Nestas ânsias e dúvidas em que ando,

Cismo e padeço, neste outono, quando

calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,

Sem os gozar numa explosão sincera . . .

Ah ! mais cem vidas ! com que ardor quisera

Mais viver, mais penar e amar cantando.

Sinto o que desperdicei na juventude;

Choro, neste começo de velhice,

Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,

Por timidez o que sofrer não pude,

E por pudor os versos que não disse !