A vertente sóbria

Deixa, eu decido meus surtos,

Não preciso que gastes cuspe,

nem de direção sentinela.

Eu consolo a mim, entendes?

Habita aqui léguas de existência.

Tão-somente este eu a dizer do suor que escorre,

ou da lua que uiva

quando necessito de beijos.

Tão-somente a mim a eloquência do silêncio sepulcral.

Faz tempo,

faz quarto de tempo

que já não tenho poeira entre os dedos.

Deixei que o tempo carcomesse as unhas que eu gostava de arranhar suas costas.

Deixa que as sombras

se apaguem quando passo bem

sem olhar para os lados...

Não tenho penitência,

apenas faço...

A minha fome é leve,

prefiro mastigar o veneno

a engolir sem mastigar essa cólera

que se acoa em mim...

Em mim apenas resiliência

e uma aflição febril

de não poder desfigurar seu rosto de minha livrança...

Anda, segue seu destino enquanto posso raspar a sorte e coçar o ouvido com essa palha...

Vez assim me falha a memória e gosto de lavar meus olhos na queda d'água de mim.

Sou assim,

digo e desdigo sem nó na garganta

O que disse, está feito,

odeio voltar atrás!!

Marcus Vinicius