Como uma arma apontada no peito da vítima

Estava ali, no muro

Linda e lilás

No centro, riscas amarelas

Um orifício

Profundo e misterioso

Veio o pássaro

Ficou ali em êxtase

As asas em disparada

Desesperadas

Dançou e dançou

Abriu seus bracinhos de penas

Fixo em nada

O pássaro

Como uma arma apontada no peito da vítima

Afundou o fino e longo bico

Como se pudesse cantar

Afundava mais

Até que a arma sumiu naquela estrada

Demorou dois minutos

Puxou a arma

Novamente dançou

Novamente estremeceu os bracinhos de penas

Ela desmaiou

Caiu exausta no pátio molhado