MOLDURA.
E, se eu pudesse...
Na transparência da tinta
Seca, petrificada, incolor,
Contornar os rabiscos
Da tela em branco...
Quem dera, pudesse, eu
Sob o toque de suaves pinceladas
Renascer em esboços de sorrisos
E, na tela, empalidecida e branca
Devolver-te o poder da criação
Imóvel, congelo meu sorrir
No quadrado do limite da moldura
Derramando, transparente, meu sentir
Na espera das cores da aquarela,
Tão borradas, pingadas e escorridas...
Nos retoques artificiais, renasço
Preencho a tela vazia
Enfeito a parede do teu quarto,
Enquanto dormes teu sono tranquilo,
Verto lágrimas, transparentes, sorrindo.
Elenice Bastos.