Mariana
Imputa-te, premente, toda culpa por tal ato,
acometida que foste por esta pulsão de espírito
que te fizeste atentar contra a ordem das leis e da cidade.
Flagrante é a vergonha que sentes agora invadir de súbito a tua alma
e inquietar-te o teu ser, causando-te enorme desconforto.
Sente-se em desequilíbrio com a cidade, envergonhada
e envergonhando a todos.
Ao decidir não seguir a regra da lei estabelecida
agiu a partir de impulsos de sua natureza humana
e por isso, pensa-se irracional?
Vê-te aturdida desde então pelas lembranças dessa sua transgressão.
Transgrediu. E daí? Estava sob o efeito de duas ou três taças de vinho.
Onde já se viu... Não há juiz que puna tal castigo!
Embriagar-se com tão curto descaminho.
Duas ou três taças de vinho!
E ainda pensa-se merecedora do maior dos castigos.
Não. Claro que não.
Por tal absurdo e de tão insignificante o teu crime, no máximo,
será acometida por uma cefaleia matutina e olhe lá.