O Beco
Casas simples/
Em madeira e telha/
Uma porta e uma janela/
Um banheiro e uma torneira/
Várias famílias/
Muitas histórias/
Mexericos, namoricos e muita emoção/
Carnavais, festivais, festa junina, círio, aniversários e tantos natais/
Alegria e tristezas, sonhos e desencantos/
Operários das fábricas de cordas, das padarias, das fábricas de fumo, de latas e castanhas/
Cultura de uma tribo inteira/
Tantas luas e lâmparinas/
Tantos medos e misérias/
Músicas que marcaram, amizades que financiaram um patrimônio de uma infância/
Que esse coração teima em não deixar apagar/
Vai vagalume/
Deixem as cigarras cantar/
Ouça a chuva na telha/
Sinta o cheiro da Phebo com tabaco e o pão torrado das padarias/
O farfalhar das folhas das arvores nas noites frias/
A sombra do tapebazeiro/
Onde o sabiá cantava/
Versando, num aviso, fora de ordem/
Que tudo aquilo iria acabar/
Procissão, Ladainhas, Pau de sebo, brincadeiras e crianças/
Amor, amizade e saudade/
O progresso chegou pra verticalizar/
Acabando com aquele ar de igarapé…De popular,
De quintais, arvores e pássaros/
Não deixem a poesia de Belém ficar só na memória/