Nenhum homem pode roubar
desarrumou os olhos
com uma saudade ocasional
daquelas que nenhum homem pode roubar.
com certo descuido
marcou com um x
o final do mês já puído.
deixou o amor na área de serviço
caminhou pela cozinha
como se estivesse atravessando uma ponte
seguindo as pistas da tua falta.
usou os dedos para desenhar seu rosto
estendeu a mão lá no fundo
mas você não estava mais lá
nem mesmo o corpo...
a noite cospe de lado
a luz se apaga
apagam-se os moveis
e tu?
desfez-se aos poucos
na maresia de outro poema
rumo ao esquecimento
devora-me.