A taça de vinho
We're so close to the flame
Burning brightly
It won't fade away and leave us lonely...
(H.I.M)
Por vezes o coração é uma balada fria,
Uma luz avulsa na escuridão. Certas noites sozinhas,
Olha-se no espelho sem enxergar o que está a frente.
Recobre pétalas de rosas em seu eu profundo, faz sem saber que o faz.
A lua branda, por vezes se mostra uma musa repleta de memórias,
Sem ofuscar as lembranças noturnas nele deixadas.
Este nobre forma nós como teias de aranha alinhavadas,
Refina preocupações e complica-se em distorções...
Órgão esquisito é esse que abrigo tem debaixo dos ossos,
Certamente é sempre um pesar lava-lo sem entender a ele.
Eis me aqui a rebusca-lo em pensamentos unos.
Suas veias pulsantes, suas baladas cortantes,
Tão frágil e delicado que nem parece ser o que é de fato.
O sangue... Este é o herói de toda a história.
A essência única que se resguarda delicadamente neste recipiente.
E sem ele somos vazios, sem ter nas células o que dite o que somos...
A dor que enlaça o peito em noites de espanto é real?
Se não for, se nada existe entre a vida e a morte de um coração pulsante o que somos?
O que é essa sede inabalável escondida nas suas próprias sombras?
Reprimida e solitária pelos medos e inseguros desesperos?
Como consertar algo que parou do nada?
Estaria morto um coração estagnado?
Um monólogo permeia este sangue...
Sentimentos ficam no sangue, são reais?
Como não seriam? Se no véu inebriado da noite
Que se recosta ao frio o vinho é um achado.
É ele a chama pedida que afaga as dúvidas inscritas...
Alcança a calma pela loucura e pelo calor da bebida.
Busca a chama que clama para não desfalecer em um leito de cinzas.
Em brasa arrisca-se refletindo as imagens do espelho que sangra sentimentos...
Assim, imita as almas assombradas e direciona seus medos em busca de sossego.
Os verte em direção a taça do vinho e faz um convite,
Convida outro louco para beber e depositar na taça o que tiver ser.