AINDA SOBRE AS ZONAS DE CONFORTO

Ignorando à alienação

propalada pela filosofia,

as letras já não me dão suporte,

neste sopro febril e inconsciente.

Quem vive a trabalhar em falsas conquistas,

em sonhos enganosos,

desconhece os genocídios;

rega em jardins cinzentos

o ódio e ardores homicidas,

reverenciando apologistas malignos,

em nome de um presumido bem .

Os que definem o “tripálio”,

enquanto redenção maior dos espíritos,

enobrecem a miséria em conceitual reversão.

Mundo ao avesso, ao contrário.

Valorizam a tecnologia,

ao passo de não admitir

que em asfaltos queimam os seus pneus,

causando imprimíveis danos;

que suas lixeiras apodrecem sem sumir por aí,

vagueiam na erraticidade do ar.

Você e suas habilidades,

talvez até saiba,

imagens outras não refletirem em seus espelhos.

Devanecem em primárias subjetividades.

Minha língua acrobata se remexe,

mas entre os vires e porvires,

cala-se entre a História e a realidade

– acredite, é verdade!

Só prossigo devoto num cântico

aquecido por flores do campo.

Minha mãe promete

não chorar!

(RODRIGO PINTO)