(IN)FORTÚNIO

(IN)FORTÚNIO

E aqui sentado

O espelho por testemunha

Vejo um velho quadro

Retangular ou quadrado

Pouco importa

Está próximo a saída pela porta

De entrada

De alma suja ou lavada

O espelho não mente jamais

Te consome e sempre quer mais

Rusgas entre rugas

Quedas dia após dia

Levanta-te e anda

Ainda respiras

Suas as tuas inconsistências

Esperas que a ciência

De um jeito na morte

Não prá ti um sem sorte

Mas num porvir distante

Em que nada será como antes

Seremos homens máquinas

Maquiavélicos maquinando

Inimagináveis momentos

Recheados de ventos

Tempestuosos em terra arenosa

Apenas bonsais prosas

Serão o que restou

Dos que ainda respiravam

Ares oxigenados

Agora carbônicos

Alimentando seres inumanos

Anos e anos de novas fontes

De vidas em horizontes

Desprovidos de morte

E juízo sem final

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/05/2019
Reeditado em 05/06/2019
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