RETORNO
Sigo na estrada solitário, sem precisa direção
Placa indica retorno, vem-me imediata decisão
Vou ao encontro do passado, não parece tão distante
Olhar no retrovisor, confundo-me por um instante
A estrada novinha, sem poeirão das carroças
O futuro passou, asfalto cobriu todo terrão
Não vejo flores colorindo as janelas das palhoças
Onde estão as árvores com nomes num coração?
Não há cães dormindo na soleira da entrada
Nenhum latido de saudade à chegada do dono
A cadeira da vovó não balança no terraço
Arrepio repentino, sensação de abandono
Será que esperam o carteiro trazer mensagem
Contando novidades da outra ponta da estrada
Não passam caminhantes com suor de cansaço
A perguntar que sentido devem seguir sua viagem
Na outrora bela fonte da praça pequeno fio
De água amarelada, poluíram o velho rio
Nos bancos sem namorados trocando carinhos
Há indigentes à quem a vida reservou somente espinhos
Arrisco sair do carro a ver se alguém me reconhece
Lanço bom dia à esmo, nenhum olhar mais curioso
Compreendo que nosso passado só a gente não esquece
Retorno ao meu presente, rumo ao futuro duvidoso