RETORNO

Sigo na estrada solitário, sem precisa direção

Placa indica retorno, vem-me imediata decisão

Vou ao encontro do passado, não parece tão distante

Olhar no retrovisor, confundo-me por um instante

A estrada novinha, sem poeirão das carroças

O futuro passou, asfalto cobriu todo terrão

Não vejo flores colorindo as janelas das palhoças

Onde estão as árvores com nomes num coração?

Não há cães dormindo na soleira da entrada

Nenhum latido de saudade à chegada do dono

A cadeira da vovó não balança no terraço

Arrepio repentino, sensação de abandono

Será que esperam o carteiro trazer mensagem

Contando novidades da outra ponta da estrada

Não passam caminhantes com suor de cansaço

A perguntar que sentido devem seguir sua viagem

Na outrora bela fonte da praça pequeno fio

De água amarelada, poluíram o velho rio

Nos bancos sem namorados trocando carinhos

Há indigentes à quem a vida reservou somente espinhos

Arrisco sair do carro a ver se alguém me reconhece

Lanço bom dia à esmo, nenhum olhar mais curioso

Compreendo que nosso passado só a gente não esquece

Retorno ao meu presente, rumo ao futuro duvidoso

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 24/05/2019
Código do texto: T6655441
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