VENENO
"Por favor me dê um copo de veneno
Pelo menos
Com duas pedrinhas de gelo,
Pelo meio." (Copo de Veneno - Karina Buhr)
Existir é perigoso
pensar beira a transgressão
não pensar é bom comportamento.
Tem um muro na beira do caminho.
Ele fica entre o copo de veneno e o pensamento.
Estou calmo, estou lucido...
Prefiro o copo de veneno,
pois, não pensarei,
logo não serei escravizado pelo conhecimento.
E, eis minha dádiva: viver sem conhecer,
andar sem refletir, olhar sem compreender.
O poeta enunciou: os ignorantes são mais felizes...
Felicidade: uma flor num buraco do asfalto.
Eu quero a sobriedade de não pensar e não doer
e não lembrar e não remoer e não ir para o fundo
e não chorar e não questionar e não e não e não...
E não recordar de você.