Essência
Quando chove, sinto ainda mais a poesia, mas,
não sei o porque, se faz sol, a poesia esquenta
minha alma que alvoroçada, louca,
corre o mundo, deixa-se invadir...
E o dia vai acontecendo, a manhã já foi embora,
sem ter para onde ir.
Passo pelas ruas, vejo coisas que não me inspiram,
mas, inspiram compaixão.
Que tristeza o isolamento da desigualdade,
que vive num mundo sem esperança ou ilusão.
Enquanto a minha alma, que não descansa,
vaga pelos céus e pelas ruas, pelas calçadas.
Quem sabe fosse melhor não ser poesia,
melhor não procurar entender, mas, se não fosse,
como lembraria do passado que me trouxe aqui
e que não me convém esquecer.
A poesia acalma, acalenta, e também fere,
rasga as feridas,
expõe um coração que quer endurecer, mas, não,
ele pulsa no encantamento da vida.
Coração cuja essência é leve, não adianta querer mudar,
algo que insiste em acontecer dentro e fora de você.
Liduina do Nascimento