Meia-Noite

Embriago-me com o sangue da terra

Nessa meia-noite com as armas em riste

Projetando sombras fantasmagóricas

Pelos vãos da cortina velha e rasgada

Todos os gritos vãos me cansaram

Calo-me então e gargalho pelos cantos

Sem temer os olhos que me vigiam

Sem colher os narcisos murchos na varanda

Resta-me um derradeiro suspiro ainda

Nessa meia-noite ressonante e aguda

De bizarros murmúrios do lado de fora

Então me afogo em mais um gole

Mas a garrafa me diz ao pé do ouvido

Somos apenas nós nessa meia-noite

Nem as estrelas vieram compartilhar

Dessa penumbra que nos envolve

De pitoresco somente o olhar no espelho

Em meio à barba desfeita e mal aparada

Onde sei que ainda existe uma criança

Que caminha solitária em direção ao infinito

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 22/05/2019
Código do texto: T6653460
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