como manter-se
poético?
come-se hoje,
amanhã cagas poesia,
como não render-me
ao antiético?
escondo-me sob
nuvens escuras
chove agonia,
menina
me domina,
de dia e de noite
não me abandones,
pela noite me viro sozinho
pelo dia vigiam-me drones,
pele macia,
mordi com carinho
minha mãe já dizia:
vigias menino,
vendi minh' vida
pra comprar absinto,
magrin' chei' de cisma,
fiz um furo no cinto,
não fale, só sinta ...
em toques não minto,
tem campari, se sirva
verso da alma: sinistro,
converses com calma
desentendo cinismo,
por vezes me afaga
por outras, deixe eu
e meus vícios,
lhe ver indo: facada!
quando pedires eu fico,
quando voltas me abraça
calores variam,
sinta o q' sinto.