RIDÍCULAS: COMO AS CARTAS DE AMOR
O carteiro a chamar-me,
a saudade gritando.
E o silêncio principiando..
Pensei que seria ausência.
E corri para atender o carteiro louco a gritar.
E com seus gritos, as cartas.
As cartas juntas com as outras cartas,
guardadas na pequena gaveta, na parede da memória,
no esquecimento das palavras, nas lembranças indevassáveis,
na nostalgia do teu corpo.
As cartas que nunca serão abertas.
Melhor o sorriso da dúvida, do que a certeza de um fim.
Por isso mantenho tu e as cartas engavetados.
Deixo-te existir, apenas, nas noites silenciosas
ao me encontrar só, de ti, de mim, da humanização dos afetos.