Sofro de Poesia
Sofro de poesia
doença que não se retém
não tem quem a detenha
saudade
injustiça
mesquinharia
Mesmo que lhe falte qualidade
brota
extrapola
bole por dentro
pula cerca
vasa
Tenho esse vírus
comigo
e ele se manifesta
sem ser chamado
põe a mão no fogo
cutuca o leão
se corta no arame farpado
caco de vidro
se aquieta
reveste e se recria
chama a atenção
Sofro de poesia
deste mal que só me faz bem
Ela vêm e me faz o tal
Criador
Me faz ver a musa
com olhos de deus
Amaina a dor
Aflora sem ser primavera
Chove sem nuvem no céu
É assim
sem mais nem porquê
não tem hora
nem lugar
Ela vem e se dá
Se entrega, plena!