PASSOS VAZIOS
O caminhar no mundo
É demasia dos que procuram,
encanto dos que esperam,
necessidade dos que buscam,
os percursos dos que se perdem.
O trafegar na existência
emaranhado nos fios que cortam,
a vida que transborda, os caminhos inatingíveis.
A graça de sempre ir, a distância da terra natal,
indigência dos perdidos, dos bêbados, dos loucos, dos desabrigados,
dos revestidos em solidão, dos não definidos, dos que pararam de contar o tempo.
O caminhar, este, de agora, versando teus pés enlameados,
tua essência perdida, tua boca sem desejo, teu corpo transfigurado,
Caminhas, oh, ser desiludido.
Caminhas até a terra acabar.
Caminhas em busca das águas,
do mar, dos rios, do oceano, da primeira nascente.
Templo de contemplação, templo de não mais andar, templo sem esperas
templo para descansar.
Lugar que não se precisa mais caminhar.
Espaço que não exige respostas.
Espaço no qual paramos de datar, o caminhar, o tempo, a vida e nós.