E..

"Morrer

É uma arte, como tudo o mais.

Nisso sou excepcional." - Sylvia Plath

E ouço as vozes

E perco os sentidos

E caio por terra

E o sol brilha

E as imagens desconexas

E a vida se indo

E os olhos alertas

E a percepção embaralhada

E tudo em rotação

E as pessoas ficando distantes

E meu corpo no barro

E as águas longínquas

E já não se tem as mãos

E os pés mal se movem

E a dissociação gritando

E o silêncio da morte

E eu caído por terra

E em busca de mar

E tateando nas pedras

E vou a me arrastar

E o corpo fadado

E o mundo girando

E a ciranda recomeça

E eu não acompanho a dança

E ela me segura

E levanta minha cabeça

E diz algo que já não escuto

E penso: morrer deve ser isso

E penso: morrer deve ser o antes disso

E penso: morrer deve ser a antecedência do instante de agora

E penso: morrer deve ser a concretização da vida

E penso: morrer deve ser a iminência

E penso: morrer: O que mais me resta?

Jailson Anderson
Enviado por Jailson Anderson em 19/05/2019
Código do texto: T6651111
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