E..
"Morrer
É uma arte, como tudo o mais.
Nisso sou excepcional." - Sylvia Plath
E ouço as vozes
E perco os sentidos
E caio por terra
E o sol brilha
E as imagens desconexas
E a vida se indo
E os olhos alertas
E a percepção embaralhada
E tudo em rotação
E as pessoas ficando distantes
E meu corpo no barro
E as águas longínquas
E já não se tem as mãos
E os pés mal se movem
E a dissociação gritando
E o silêncio da morte
E eu caído por terra
E em busca de mar
E tateando nas pedras
E vou a me arrastar
E o corpo fadado
E o mundo girando
E a ciranda recomeça
E eu não acompanho a dança
E ela me segura
E levanta minha cabeça
E diz algo que já não escuto
E penso: morrer deve ser isso
E penso: morrer deve ser o antes disso
E penso: morrer deve ser a antecedência do instante de agora
E penso: morrer deve ser a concretização da vida
E penso: morrer deve ser a iminência
E penso: morrer: O que mais me resta?