A canoa e o Remo
Um dia eu fitei
A canoa e o Remo
Pairando? Não sei...
Mas o tempo era ameno
Não vi o sol,
Não senti a brisa,
Senti que apenas que havia
Um toque arrebol:
Poesia!
Eu lembrei do menino
Da canoa sem Remo
Tão pequenino,
Mal se apoiava ao remo.
Então divaguei,
Divagando e mirei
Naquele olhar tranquilo
Onde me encontrei;
Me encontrei desarmado,
Meio pasmo,
O ar me fugiu,
O tempo parou,
As horas cansaram
E eu ali parado,
Paralisado,
Sem destino...
Ao contemplar o menino,
A canoa e o Remo
Que remaram baixinho
Sob os meus pensamentos;
Se fizeram divinos,
Profanos e primos,
Sagrados e ístmos,
Me deixando menino
Aos fitos do homem
Com olhar maduro,
Árduo e canduro
Às margens do rio...
Esse homem,
Esse menino,
Esse Remo,
Esse olhar pleno,
Com a mesma força,
A mesma delicadeza,
A mesma ternura,
Ao se despir da canoa
Sem olhar pra trás,
Sem largar o remo,
Sem se lamentar jamais.
*Dedico com amor e carinho a Remo Ferreira, após fitar um de seus olhares, o mais lindo que já vi.