Superação dos ventos frios do meio-dia
Não peço todo o sentido do crepúsculo das calmarias,
por mais que fosse um acalento lascivo aos olhos que descansam no profundo oculto do tempo;
e sim, mil sois que queimam dentro da voz que rompe a crisálida dos ventos frios do meio-dia,
numa face compreensiva e serena.
Sobre rios, vales, montes, bosques-flores, que minha alma possa ir,
bem sempre que um sorriso nasça pelo estímulo de ter unicamente o existir —
mesmo sem saber se terá o trigo
para moer e moldar o pão do festim sagrado.
Contudo, possa e logre em ser pássaro
que canta na aurora para acolher e beijar o olhar da criança órfã solidão,
que habita em cada ser,
na surdina das forças dos nobres ofícios.
Que possa também eu me levantar quando reconhecer o hálito e o bronze da terra,
para montar no cavalo da persistência e da coragem,
ora, pois, carregando todo aquele que penda um grau se quer para o espaldar de um esquecimento eterno,
na senescência do entusiasmo e do sopro da vida.