Nas curvas da noite

Na geografia de teu corpo, aprofundo-me!

Feito cientista, estudo tua anatomia.

Sinto-me um calouro com um mapa às mãos.

Descubro curvas

– por onde ando –

segredos impressos,

versos poéticos

poemas inteiros.

Quanto mais arrisco-me

tanto mais confundo-me!

Desbravo a ti,

feito um bandeirante

desbrava a terra nova.

Monto campana em teus olhos

– que de tão brilhantes –

reflete todo o meu pecado.

Embriago-me em teus lábios

padeço em teu riso,

sorriso doce feito a lua de dezembro.

E tu, andas por ai…

A esquivar-se de mim,

a negar-se um estudo mais aprofundado.

Trabalho científico, coisa séria,

com os riscos e tudo o mais.

Nas planícies de teu território,

tens domínio pleno sobre mim.

Permitas uma observação in loco,

és um meu estudo de caso.

Conforma-se em meu corpo!

Embarco na tua viagem

navego por tua ternura

e aporto em tua ilha.

Já não podes fugir,

estou em todos os teus sonhos.

Delírio: Deliro por ti, deliras tu também, por mim.

Adeus às armas!

Mastro firme fincado à terra

bandeira içada aos quatro ventos

corpo cansado da intensa batalha

suor banhando a testa.

A guerra chega ao fim, a noite padece

Nasce o sol, surge o dia.