PELÍCULA
Sentado no banco longo da varanda sob o céu
marfim da madrugada. Vejo o silêncio desse véu
de nuvens que passa na engrenagem do vento.
Miro no perfume veloz do petróleo do pavimento
e levito no nada das coisas: na inércia do momento.
Um carro ronca. Um cão ladra agudo lá no firmamento.
Um brilho ametista de celular acende a sala do vizinho.
Deu a nona hora. Acendo um cigarro grosso. E outro fino.
Abro o portão e ouço a esquina laranja e o alguidar vazio.
Surge a película do filme lilás da aurora: o fim e o início.