Posso me despedir da sua esperança
sem dar-lhe um abraço?
Quem sabe um aceno discreto
feito com um lenço branco em missão de paz?

Posso olhar-lhe com a face encharcada
Por um rio de lágrimas
que nasce na dor
da dor
da perversa constatação
de que a vida não é um mar de rosas?

Posso apelar para um suspiro
que parta do interior do pulmão
repleto de toxinas que o contaminaram
quando tragou desesperança
em maços de 60 minutos
por mais de 20 horas por dia?

Posso estancar a veia poética
que rompeu
Quando o otimismo
Foi usado como premissa
Para fazer jorrar a coragem e agilidade
vista nas águias
que procuram árvores altas
para excitar voos
Mesmo em dias chuvosos
Sem abrigo
Esperando que o calor lhes chegue
pelas mãos do homem
quando madeiras em fiapos são sopradas
pra fazer brotar fogo?

Posso atiçar-lhe uma bandeja de sentimentos esmiuçados,
sem critério algum,
apenas como regalo material
dos pesos carregados no dorso
para justificar
a visita da verdade
cujo sobrenome
é desilusão?

Bateu à porta, abriu, sentou-se.
Da janela
Agora avista o mar.
Ao longe
De longe.



Interações de um poeta cuja personalidade está embutida em cada verso, pelo qual, tenho um apreço e admiração inenarrável.
Jacó Filho

Que nunca pese na alma,
O que a vida me nega,
No tempo e nas esfregas,
Peço a Deus, mas com calma...

 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 15/05/2019
Reeditado em 15/05/2019
Código do texto: T6647558
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