NEM TODAS AS FLORES SÃO ROSAS
Eu sou um, um sozinho
Meus olhos estão vazios
Minha voz diz meras banalidades
Meu sorriso é apenas um disfarce
Das angústias que presenciei
O mar é azul (ou não)
Sei que nem todas as flores são rosas
Mas o que não sei vou mentindo
Esqueci as minhas verdades em algum lugar
Nos baús do tempo, talvez
De repente, tenho medo de acordar
Mais um sonho infinito
Nenhum poema
Seria capaz de dizer todas as coisas
Mesmo aquelas que estão totalmente visíveis
Minhas palavras contradizem minhas palavras
Há uma nítida relação
Entre todos os pensamentos
E uma breve contradição
Uma leve, insistente
Contradição
Entre o meu pensamento e a poesia
Mas eu sou todas as pessoas
Digo o que existe nelas
Penso o que elas pensam
De nenhuma forma de todas as formas
Num encontro sempre imprevisto
Um momento inexpressivo
Quando a mentira é verdade
O sim é não
E o nada é só o começo de todas as coisas
Eu sou um
Sou muitos e ninguém
Sempre falo de mim falando de todos
Mas não sei quase nada das coisas que falo
Ou das coisas que sei
Invejo de todos cada coisa
Mesmo as que nada significam
Não quero nada das coisas que quero
Quero apenas não ser mais sozinho