ENERGIA
Vou partir,
morrer como morre toda gente,
morrer como cada ano morre,
pra que outro comece novamente.
Mas quero minha morte
da morte diferente.
Que ela anuncie
a vida, o amor,
o sol nascente,
o calor da minh’alma,
a doçura e a calma
do olhar embriagador
do meu último amor.
Que ela seja
motivo de alegria,
que não lembre a noite,
mas celebre a vida
- a minha vida -
que desabrocha
inaugurando cada dia.
Que meu suspiro
não seja derradeiro
nem me entregue ao marasmo,
mas seja a esperança
do chorar primeiro
e guarde o encanto
e a surpresa
do primeiro orgasmo.
E eu ficarei
na luz do sol,
no raio do luar,
no perfume da flor.
Para sempre estarei
no coração de cada amigo,
n’alma de cada amor.
E a estrela anunciará,
ao depois da partida,
que a morte desistiu
e aconteceu a vida!
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O Poeta não morre,
se transforma em semente
que se multiplica
e vive eternamente.