ENERGIA

Vou partir,

morrer como morre toda gente,

morrer como cada ano morre,

pra que outro comece novamente.

Mas quero minha morte

da morte diferente.

Que ela anuncie

a vida, o amor,

o sol nascente,

o calor da minh’alma,

a doçura e a calma

do olhar embriagador

do meu último amor.

Que ela seja

motivo de alegria,

que não lembre a noite,

mas celebre a vida

- a minha vida -

que desabrocha

inaugurando cada dia.

Que meu suspiro

não seja derradeiro

nem me entregue ao marasmo,

mas seja a esperança

do chorar primeiro

e guarde o encanto

e a surpresa

do primeiro orgasmo.

E eu ficarei

na luz do sol,

no raio do luar,

no perfume da flor.

Para sempre estarei

no coração de cada amigo,

n’alma de cada amor.

E a estrela anunciará,

ao depois da partida,

que a morte desistiu

e aconteceu a vida!

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O Poeta não morre,

se transforma em semente

que se multiplica

e vive eternamente.

Sal
Enviado por Sal em 02/11/2005
Código do texto: T66467