Eu e outros poetas
Quando vi as estrelas estrelando minha aparência crua e sonolenta, solitariamente me senti esticado, porque havia luz e na luz que se estendia, o laranja dominava minha consciência
E com gritos estilhaçados, me sugava o tédio e o riso me sufocava.
Demorei quase meia eternidade entre essa sensação e um formigamento no canto da boca, é estranho como a nossa mente projeta desenhos tortos olhando para este pedaço do céu.
Quando as primeiras gotas anunciaram o que seria uma terrível tempestade, já havia voltado a mim, estava triste, tentava recuperar a tudo da pequena janela.
O laranja virou azul madrugada, e estilhaçado me deitei a deriva. E lá ao relento, flutuando, valia tanto quanto qualquer uma das estrelas tortas e esquecidas que pairavam sobre mim.
Eu as amei, sim. E adormecemos juntos.
E quando finalmente adentrei ao recinto de Morfeu, percebi que estava morrendo. O laranja, que havia dado lugar ao azul, voltou, dessa vez com uma tonalidade cinza.
Nada mais tem importância.
Deus!
Que tristeza...
- Peripatéticos.