Metade de um cigarro
Anestesiados
o peito parado e as respirações curtas
demais
impediam que eu me soltasse
desprendesse
desamarrasse
eu entrei naquela brecha
do espaço-tempo
que tudo se perde mas tudo é nada
tudo que se sabe não é mais
tudo que existe
não existe mais
não tem chão, mão,
não tem nem quem fique são,
quem se sustente, ou se aguente
eu virei água e virei terra
e eu era tão ar,
tentando mudar, eu só permanecia igual
agora somos um só
a água e eu, meus inimigos e eu,
tudo que eu sinto e que eu vivo,
isso é descoberta
é paraíso
se perder é saber quem se é
e eu não poderia
agradecer mais por em cada esquina e cada luta
enxergar a luz do fim do túnel
e no fim e no começo de cada eu
me perder nos meios dos cigarros
me encontrar no meio da minha cama
me revirar do avesso e trocar de roupa
e trocar de alma, por que não?
se eu quiser,
eu sou tudo que eu quiser,
e não há quem me diga que não
porque aqui
no meio do tempo
no meio do espaço
no meio de mim e no meio de tudo
eu sou meu único tudo
e eu sou meu único nada.
obrigada.
obs. eu só escrevi, não reli porque aqui reside minha alma. foi assim que ela escolheu se apresentar hoje.