Navio fantasma do fascismo

Fascismo,

Eternamente obsoleto,

A ciência [ética] e a filosofia avançam

Mas e o medo?

Os ciclos de empatia se abrem

Como uma nova primavera,

O buraco negro manda um ''oi'',

Expande a nossa verdade

E os quadrados permanecem como blocos

De um muro de ódios de outra era,

Descobrimos que somos todos iguais

E os exércitos continuam a marchar pelas cidades,

Que somos ínfimos e cheios de esperança

E os espectros cheios de maldade,

Aprendemos a buscar pela paz,

Eles só pensam em afiar suas espadas,

A viver mais no vento do presente,

Eles são crentes de uma invencibilidade exagerada,

Por isso desprezam o mais solidário,

Respeitam a tradição,

Um compromisso empurrado,

Não é a vida líquida ou uma crítica às meta-linguagens,

Os laços culturais precisam ser reforçados, seu equilíbrio [sempre] melhorado,

Mas a cultura também é um ciclo viciado,

E no fim de cada indivíduo

Um oceano sem margens,

Eles creem no particular e por isso são miragens,

Nós cremos no real, derradeiro, e queremos um oásis,

O deserto que é a vida e sua paisagem,

Um ponto de luz em meio à totalidade,

Mesmo se sabemos apenas por essa metade,

Por essa triste emoção,

Ainda conhecemos a sua essência, a única realidade,

O navio fantasma que quer sempre ancorar em nossos portos,

Roubar o nosso sol,

Nossos corpos e almas,

Nos transformar em formalidades,

Dizer que tudo tem um preço,

Nos forjar em suas inimizades,

Nos isolar de nós mesmos,

Nos forçar ao seu enterro,

Passivo, agressivo,

Elite ou povo,

Saudável ou doente,

Certo ou errado,

Velho ou novo,

Pra eles não existem meios termos,

Não gostam de ponderação, da diversidade,

Passamos a crer em suas histórias fantásticas,

A arte é profanada,

Enquanto o tempo passa,

A vida é desgastada

E tenta nos despertar, pela melancolia,

O divino é sacramentado,

ritualizado,

O viver é banalizado

A história distorcida,

Poder e opressão, exaltados,

Lucro, pra quem o entende, miserável,

O seu fantasma é nossa maldição.