CAMINHO DAS ÁGUAS

Para Helton: O Forasteiro que me guia nas noites tempestuosas.

Para Karol: Que me ensinou o tráfego das águas.

Quando eu morrer voltarei para buscar

os instantes que não vivi junto do mar (Sophia de Melo).

Nascer sempre.

Constante risco.

Palavras ausentes

Que se tornam precipício.

Se no mar tem rio

Também tem cachoeira e fonte

Vai para o além

Da linha do horizonte.

Dentro das águas me lanço.

Dentro das águas renasço.

Em cada momento me transfiguro

Metamorfoseando-me em substrato.

Das cachoeiras vejo meu reflexo

Em espelhos de guaraçapés.

Da Grande Mãe das águas doces

Que me faz um cocar de lírios dourados

A chuva desce e lava

Ouço o som dos trovões

Os raios se multiplicam e a

Espada é posta em minhas mãos.

O mar me chama

A Senhora me espera.

Abre os braços e me acolhe.

E joga o colar de contas

que no meu pescoço se mistura com as artérias.

Dentro do mar caminho, sem medo e com calma.

Agora, aqui dentro, transformo-me em um ser das águas.

E, quem sabe nunca mais eu volte

Para a terra que deixei

Pois, naquela terra havia a morte

E nas águas me renovei.

Jailson Anderson
Enviado por Jailson Anderson em 11/05/2019
Reeditado em 11/05/2019
Código do texto: T6644268
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.