Destrancando portas
Cada vez mais distante
Ao retornar a casa
Sinto-me uma estranha
Ávida, procuro nas texturas das paredes
As cores do silêncio
O canto dos pássaros
Risadas abafadas numa tarde de calor
Percorro a sala
A frieza dos corredores
Destrancando portas
Vasculhando lembranças
Descobrindo meu rosto
Nos móveis, no espelho
E a alma como um nó
Com os olhos fechados
Enxergo com os dedos
Reconheço aos poucos
Nas águas mornas
Mergulhando a ponta dos pés
Percebo, ainda relutante,
Estou em casa
Fui eu que arrumei tudo
São minhas as decorações
É meu aquele chão
Escolhi ficar
Por mais tempo talvez
E ver, mais uma vez
Aonde isso me levará