Senhor do Armarinho Pérola
Quem é você
Não sei o seu nome
Mas todas as vezes que passo
Como numa curva de um laço
Posso te ver, em frente ao velho armarinho
Assentado, encolhido como um triste passarinho
Na cabeça, adornando os pensamentos, os cabelos esbranquiçados
Olhos murchos na face cansada
Corpo entregue na calçada
Como senão tivesse ninguém por perto
Como falei não te conheço
Não sei como foste
Mas não olho teu passado
Se foi branco ou negro
Se amastes ou foi amado
Se és algum derrotado
Me pareces normal
Ser humano, apoiado nas muletas
Esperando a porta do comercio
Como porteiro, vendedor ou
Segurança numa saudade
De um tempo que tudo era mais animado
E que agora vês no presente
Que tudo não passou de vaidade.
Lá se foi a mocidade.