O SURTO
Todo dia vejo o retrato
da tristeza nos rostos
das pessoas
E nem me adianto a
perguntar em qual político
votaram
não adianta mencionar
dinheiro ou religião.
Pois são olhos...
Arregalados demais.
Desesperados, frente a autoafirmação
de que conseguiu-se SER
alguma coisa... que já nem é mais,
mesmo, você.
Gritam e gargalham
de raiva e de tesão.
Euforia...
depois se isolam, pois
fingir demais... é sempre
doloroso demais.
... a primeira foda aos 13
... o primeiro vício aos 15
... o primeiro filho aos 16
... o primeiro emprego aos 17
... a primeira traição aos 18
... o primeiro surto aos 20.
E o filho da puta
Ainda postulou
que tudo é relativo
e que significa, meu amigo
que você está fodido.
A “passageira”
idade da confusão
Será SEMPRE outra vez,
e outra vez, e outra vez...
e outra vez... e outra vez...
O 19º desejo de desaparecer
E parar de incomodar.
A 19ª vez em que você
se sentiu incrivelmente
sozinho (a) ...
Elas... eles riem, todos riem
E são novinhas, e são novinhos
E são livres, revolucionários, libertos
com seus colos e seus “filhotinhos”.
Felizes, mesmo que presos
a um nostalgia duma juventude
que nem existiu...
Você jamais se sentirá
cansado e sem sorte.
Muito menos quando
o próximo 19º trouxa passar
por você, sorrindo
... como um idiota.