Limbo/masculino Brasil

Mundo vulgar e torpe

Onde a escravidão se perpetua com o tempo

É o seu tempo mudo, podre

São Capitanias teimosas que repartem terras, corpos, sentimentos

Limbo da intimidade forçada

Da falsa simpatia, sem empatia

Do meu estranhamento

Da arrogância, da crueldade disfarçada (muitas vezes, escancarada)

Limbo do deboche que nunca acaba

Dos escravos de verde e amarelo

Mas o sangue é vermelho

A lua é de prata

De guerras frias declaradas

Como em um filme noir

A fumaça de uma suposta harmonia de raças

De castas

País que não aprendeu a ser país,

A se respeitar

Sua "elite" especializada

Em tratá-lo como colônia de exploração

De terras vastas, tomadas por seus egos em incontrolável ebulição

O capitalismo, se é possível, ainda mais selvagem

As leis existem, mas são reconsideradas

Onde reina a masculinidade exagerada

Com seus homens de consciências fracas

Que não vivem na hiper-realidade

Que tratam seus umbigos como centro das galáxias

Suas inseguranças como piadas sem graça

Viver é dominar e caçar

Caçadores são predadores

Quem dera soubessem o que é ser mãe

Filha ou dona de casa

Ou mesmo aquele que chamam de ''pederasta''

Metade do cérebro é futebol

A outra metade são máquinas

Choram, mas estranham as próprias lágrimas

Vivem num limbo ''primata''

São os mais enfurnados no ''navio pirata'' do fascismo

Comandantes, marujos

Soldados

Mas quem mais nos salva são bombeiros, artistas, ativistas

Nossos verdadeiros heróis, compromisso

Quem dera todo exército tivesse essa ética e esse tipo de macho

Que não é covarde, atrás de uma arma

Que não é babaca, atrás de um escárnio

Que não idolatra mitos de farda

Que não idolatra... que trata a todos por suas essências

Iguais

Não é preciso ser hippie

Deixar os cabelos grandes

E adorná-los com rosas vermelhas

Para ser mais vivo

Mais em contato com o divino de todos os dias

Não é preciso deitar com outros homens

Pra perceber que somos todos filhos e irmãos

Mas me parece demasiado simplismo

Confiar apenas na educação

O que é de raiz, fincada no chão

As tardes de outono continuam deslumbrantes

Até as nuvens se transformarem em interrogação

Brasil varonil

Terra tão gasta e gigante

O machismo egoísta [também] é sua provação

Mais um Thiago
Enviado por Mais um Thiago em 07/05/2019
Reeditado em 19/08/2023
Código do texto: T6641155
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