O pó das pedras
Um túmulo e mais nada.
Pensa-se no que seria
se não fosse um cadáver.
Fala-se com os ossos
e eles revelam a brutalidade:
nada.
Nem o eco das dores,
nem o vento frio,
nem o Primeiro Amor
ou uma noite fria.
Colapso e sangria.
Fico abaixo da lixeira
ouvindo os sapatos do mundo.
O chorume afoga.
Traz fadiga.
RASKOLNIKOV
e eu não durmo, espio a brecha.
Espero com anseio este vulto
para que entre logo e eu, de súbito,
tenha que partir a minha testa!
Outro eu desvencilhou-se
de uma pedra no meio de uma estrada.
As poeiras soergueram-se
num grito e as labaredas distantes
de um infinito sol arderam.