A AVENTURA DA PALAVRA
Busco a palavra como fissura,
Como uma fuga,
Que leva a transcendência do cotidiano,
A uma outra forma de saber as coisas,
De sentir e apreender a realidade
Como experiência imprecisa e múltipla
De um quase dizer as coisas.
Busco a palavra como exercício de transfiguração e deslocamentos,
Como uma exploração do nada, do insatisfatório e do insuficiente,
Como testemunho do impessoal, do indeterminado,
Do que sempre será rascunho e inacabamento.
Quero a palavra que quase não é palavra,
Que recusa o signo e o significado,
Que extrapola o comunicável
E diz a carne do silêncio.
Uma palavra música, pintura,
Que expressa o fluxo do afeto
E registra encontros.