FAZER CHOVER NO SERTÃO
Separar a língua e cuspir
O pêndulo contradito
Veneno cores e som
As pedras saem do grito
Na meia-lua dormir
No sol infinito cegar
Cortar as letras; beber
Do sal sagrado do mar
O vento frio e temido
Colunas da solidão
No pesadelo, um gemido
No peito corte e pulsão
Figuras do veredito
Na supra condenação
É que na fé acredito
Fazer chover no sertão
Canalizar os teus olhos
Para me encher os pulmões
De fogo, terra e ar
Despedaçar os vulcões
Respiração, maresia
No fogo completo o ar
Estremecendo a matilha
Choras à luz do luar
E chamo a ventania
Para tufões me soprar
E agitar as cortinas
Para o céu deflorar
No cálice absinto
No cinto a vibração
Nas suas ondas entrar
Fazer chover no sertão