FAZER CHOVER NO SERTÃO

Separar a língua e cuspir

O pêndulo contradito

Veneno cores e som

As pedras saem do grito

Na meia-lua dormir

No sol infinito cegar

Cortar as letras; beber

Do sal sagrado do mar

O vento frio e temido

Colunas da solidão

No pesadelo, um gemido

No peito corte e pulsão

Figuras do veredito

Na supra condenação

É que na fé acredito

Fazer chover no sertão

Canalizar os teus olhos

Para me encher os pulmões

De fogo, terra e ar

Despedaçar os vulcões

Respiração, maresia

No fogo completo o ar

Estremecendo a matilha

Choras à luz do luar

E chamo a ventania

Para tufões me soprar

E agitar as cortinas

Para o céu deflorar

No cálice absinto

No cinto a vibração

Nas suas ondas entrar

Fazer chover no sertão

Mestre Malakazhan
Enviado por Mestre Malakazhan em 05/05/2019
Código do texto: T6639922
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