miragem

desejar o sol

e queimar as mãos

beber água em gotas

e afogar-se

pisar a terra

e soterrar-se

permanecer estático

e não saber a verticalidade

destruir a memória da pele

o percurso da saliva

e a mansidão da palavra

eis a condenação

de não ver no outro

além da própria miragem