NAVIOS

Naves, belas montanhas de puro ferro,

vazios, telas estranhas de duro berro,

lugares encantados por sopros de vento,

altares embelezados: – malogros que atento!

Total estética pecadora ao acaso,

vital poética criadora do descaso:

– falai mais alto por favor agora!

– criai as cousas do calor de outrora!

Hoje moldados a frio, certinhos,

são monstros que crio, mansinhos,

fundidos na alma, filhos do Criador.

Longe navegam: são imagens belas,

aqui apressadas, lá apenas telas!

nas narinas, um tipo algum de odor...

Salvador, 1996.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 04/05/2019
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