NAVIOS
Naves, belas montanhas de puro ferro,
vazios, telas estranhas de duro berro,
lugares encantados por sopros de vento,
altares embelezados: – malogros que atento!
Total estética pecadora ao acaso,
vital poética criadora do descaso:
– falai mais alto por favor agora!
– criai as cousas do calor de outrora!
Hoje moldados a frio, certinhos,
são monstros que crio, mansinhos,
fundidos na alma, filhos do Criador.
Longe navegam: são imagens belas,
aqui apressadas, lá apenas telas!
nas narinas, um tipo algum de odor...
Salvador, 1996.