Nem sempre entendido

Decifrei abstrato em teu olhar

Um corpo que fala, gesticula, encanta, ri

Seus olhos dizem tanto quanto as palavras, ou mais,

Você olha fulminantemente e instiga, questiona

Impossível esquecer esse corpo que fala,

Essa voz que clama,

Esse olhar que fulmina,

Seu corpo a movimentar-se sinuosamente e em harmonia, dá o tom à peça como um todo

Você sempre vivo,

Nem sempre entendido,

Nem certo nem errado,

Somente existindo, indo deixando o corpo falar...

E nesse gesticular vertiginoso você carrega pela mão

E tão grande torna-se um espetáculo

Torna-se mágico

E vai transportado você

Transportando para aquilo que você reprime e esconde

E ele apresenta você real para você oprimido e esquecido

E cada vez ele aumenta mais

E você se solta

Vira válvula de escape das emoções reprimidas

De uma sociedade que jaz na avassaladora rotina rumo à cova sem dó nem perdão,

Feita de ilusão....

E você de encontro ao chão

Cara a cara com tudo que abomina

Se sente envergonhado por ter se trancado,

Por não ter lutado,

Por ter calado.

Por não estar atento,

Por não ter sonhado,

Alheio,

Alienado,

E você cala por saber que esteve sempre errado

Tão leve...tão breve...

Vai , se atreve, leve,

Vê se sorre...

Corre...

Vai, se atreve

Enquanto a vida implora para que a amemos mais...

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 03/05/2019
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