O dia em que eu morri.
A guerra surgiu do quase nada
Parecia uma panela de pipoca
Era como amor desenganado
Matraquear de morte feito pororoca
Meus olhos sangraram medos.
Pensamentos de ave de rapina;
Romperam choros em segredos
Quando cortaram os fios da minha sina.
Olhei para um céu de espanto
E vi quase tudo o quanto eu era;
Dentro do peito eu não via nada santo
Mas no coração queimavam as quimeras
Não tive nem tempo de ser cristão,
Pois a morte já me era indiferente;
Quando fui mostrar a outra face
Eu já estava machucado injustamente
As fronteiras e os muros resistiram,
As luzes se esconderam das sacadas;
Alguns homens já morriam só de espanto,
Muitos outros a balas e pancadas.
Das crianças cachoeiras e cascatas
De lágrimas vãs e desmedidas
Rolavam dos seus olhos espantados
Entre os dentes do dinheiro suas vidas
E eu, morri assim, nem foi de rir,
Foi das armas que saíram dos armários,
Que, de contra senso, armados até os dentes,
Pois, há muito, já não eram inocentes,
Já faziam dos fuzis seus relicários.