Comida e água
me beije ou me mate fortemente
traiçoeiro como frases que ninguém fala
sem fronteiras entre o vento e sua pele
(como) um padre e uma tentação
um olhar que corre
como se o chicote estivesse atrás dele
e a vida igual todo dia
comida e água na mais profunda masmorra
de uma benção exorcizando a água benta
ofereça-me talvez aquelas nuvens
cavalos lusitanos
um nada vazio, comendo os versos
em uma enorme mesa de carvalho
que só tem por função existir
desordene a mentira, prepare o aço
a contração na madeira
dois arcanjos lá da boemia
que erguem a palavra pintada com sons
como se fosse o maior poema
só esperando que o vento sopre.