Apenas um temperamento e outros coentros

Minha fleuma é melancólica

Minha cólera é melancólica

Minhas veias são melancólicas

Um fogo azul como um céu tranquilo

Em todos os meus temperos

Esse doce azedo

Quem chega no fim da estrada

E percebe que só existe um caminho

Que é um artista e parte pro exílio que é a alma

Pro gueto das mais atormentadas

Esse último sentimento, de final de vida

Cada chão uma formiga

Uma vida

Não preciso de espécies ou classes

Mesmo o vírus

Tem sede de viver

Enquanto nos mata

Também se mata

Quando desperta

E continuamos sonhando

Todo altruísmo é de melancolia

De pura, existencial filosofia

De saber que todo fim tem um dia

Que estamos todos na mesma despedida/companhia

Que vale mais o amor que se compartilha

Do que apenas egoísta alegria

A música

É a arte mais próxima do divino

O escutamos em nossas memórias

Que são os nossos resquícios

Brindamos à vida

Em seu exílio

Como o sol dourado de ilusão

Ela me atrai ao seu ritmo

Dá sentido à minha alucinação

Mais afetado pela existência

Mais filósofo

Mais artista

O pensador dos sentimentos

Mais rendido

Amargurado

Repetitivo

Mórbido

Absorvido/absolvido

Impressionável tormento

Sabe que o corpo é de vidro

Que é um luxo ser vivo

Até voltar a ser nada

Que tem uma alma

Essa mesma ausência

O universo inteiro em um olhar

Eu acho

Que eu tenho déficit de atenção

E hiperatividade

Acho que também sou meio depressivo

Acho que sou um pouco psicótico

Talvez maníaco obsessivo

Tenho vários defeitos de achismos

Verdadeiros ou equívocos

Eu sei que tem algo de errado comigo

Apesar de ninguém ser perfeito

Acho que pra ser mais poeta é preciso

Ser morbidamente sensível

Ou apenas realista

E com a beleza da vida, objetivo

Melancolia existencial é isso

O fim é uma certeza

Assim como o começo

O caminho é de tristeza

Cheio de sim, de desejos

É isso

A morte à espreita

A vida é delicadeza

Tudo é incrível

Do por do sol

Ao infinito

Invisível vazio

Que bate em todo coração