Vou rabiscando na alma o que a chuva escreve na pele
escreva nos lábios a palavra não dita
tal lâmina em brasa num céu tranquilo
sê o vento que corta os ossos
empurre o mar...
distraidamente deguste minha solidão
divague um sorriso em meu rosto
preciso de algo seu, que me faça companhia
seu temperamento preenchendo a sala
qual armadilha para se perder o rumo
... a deixar a vida passar como um feriado
tanto faz, se tudo que existe
não é muito mais
que teu reflexo me olhando de volta
e um biscoito amanteigado na mesa
tanto faz, se as estrelas saíram do céu...
sou uma casa de muitos quartos
com todas (nossas) lembranças
se reunindo nesse poema
só não me roubes esse momento...
derretendo em meu peito
como uma palavra
que caminha para dentro do papel...
abra os braços então, em misericórdia