O sentimento do mundo

Desistido do mundo como a água doce no mar.

Sede, passos ligeiros:

a sombra de um coqueiro.

Se há vida após a morte?

Acabou o sentimento do mundo.

Todo o cheiro apagou.

A cor foi zerada.

A guilhotina fresca

e uma felicidade criando um ruído.

Se refaz a alma dolorida

o peito também a mão também,

então uma onda bateu num imenso recife

e as árvores curvaram-se,

o azul queimava, límpido,

e as fogueiras como que acesas.

Contamina-se.

Um comboio...

este cheiro fica, insolúvel, apertando os narizes.

Acompanha e se torna o comboio

e a estrada e o cheiro e um naco de pão,

a tinta escorrendo livremente

para que haja sentido e sentimento.

Este que se foi e que foi deixado olhando...

Sinto a partida de tudo: está lá.

Já não há cheiro, já não há barulho.

Tudo é carregado pelo vento, quase

puxado, arrancado, tudo tísico.