Soneto de amor pelo caos

De amor e de caos urdi a trama que constitui minha essência

No vasto campo de flores mortas onde outrora havia vida

Na escuridão de uma razão cega que me calava os sentidos

Teci o manto negro sob o qual, à noite, desaparecia

No cimo do mais alto monte, mirei os homens pequeninos

Entretidos em seus jogos, suas neuroses e sua poesia

Escondidos sob suas máscaras, protegendo seu vazio

Vampiros contidos na noite perplexa que cada um continha

Contida no vazio oco inominável que o homem escondia

Num vácuo caótico e labiríntico, me encontrei perdida

No poço de gel antimatéria de que o homem se esvazia

Perdida de amor pela palavra brotada de puro nada

Como fruto do incoerente caos que se profana e se recria

Vejo a verdadeira face – radiante! – sob outra... esfacelada

D.S.